domingo, 31 de julho de 2011

Menos blá, blá, blá

Menos blá, blá, blá
O homem da barraca de pastel aponta para o senhor que tinha o cotovelo apoiado no balcão e a mão sustentando o queixo coberto pela barba branca: “Esse aí, eu ajudei a tirar dali ó, dali” - diz, indicando a rua. Agradecido e com invejável olhar sereno, o outro esboça um sorriso e balança a cabeça, concordando com o pasteleiro. Bem vestido, cabelo e barba feitos, boa aparência, ele agora trabalha na barraca como auxiliar.
Gestos como esse são comuns em nossos dias. Esquecidos, não divulgados, pouco valorizados, perdem para outros mais violentos, agressivos e sensacionalistas que acabam por engrossar os índices de audiência do rádio, da televisão, dos jornais e das revistas de nosso país. Em geral, os pequenos gestos são os que trazem em si enormes possibilidades de mudanças concretas. Transformam vidas e realidades do nosso mundo. Dão resultados que promovem a paz.
A paz é dom de Cristo ressuscitado. A paz é compromisso de quem age com justiça. Por isso a paz verdadeira é a que se constrói no dia-a-dia e se renova a cada instante. Jesus Cristo ressuscitado nos dá a sua paz para que sejamos pessoas novas, criaturas novas. Ele, pela sua morte e ressurreição, restaura a imagem do homem que tombou pelo pecado e carrega cada pessoa pelos braços para que, em pé, sejamos conduzidos pela sua graça.
A graça de Deus está ao nosso alcance e se manifesta palpavelmente no meio de nós. Sejamos fazedores da paz. Ao menos naquilo que podemos, trabalhemos para edificá-la. Não precisa grandiosidade, publicidade, alarde. Mas que seja sincero o coração de quem busca e reparte, de quem a encontrou e partilha, de quem a recebe e a dá. Só assim a paz será verdadeira, prazerosa e rica, como a conversa daquele entardecer, acompanhada de pastel e caldo de cana.
Bem aventurados os fazedores da paz.
Pe. João Luiz Malnalcich, scj

domingo, 10 de julho de 2011

Esperança sempre

Esperança sempre

Esperança é certamente uma palavra muito pronunciada e um sentimento acalentado por todos. Esperam os que crêem, esperam os filhos da pátria, esperam os idosos, esperam os que sonham com a paz, esperam os que passam fome, esperam os que trabalham por mais justiça... Enfim, esperança é a palavra viva que todos sabem e querem  pronunciar sempre. Aliás, "a esperança é a última que morre", diz o povo.
A esperança que guia nossos sonhos deve contar com a perseverança para que se torne realidade. A perseverança pede de cada um de nós empenho que supere impecilhos, desafios, cruzes. Empenho firme e constante de todos pelo bem comum; só assim teremos uma sociedade brasileira e mundial em condições de atender às necessidades dos que mais sofrem. A esperança verdadeira pode vencer qualquer desafio, sobretudo a fome, a violência, as injustiças, as drogas. Vale a pena esperar contra toda esperança. Uma esperança que tenha brilho tanto no olhar inocente de crianças e adolescentes, quanto no rosto enrugado dos idosos. Uma esperança que sirva a todos. Como já dizia  dom Paulo Evaristo Arns: " a esperança foge quando as pessoas são desprezadas e esquecidas".
Por isso, como cristãos, somos chamados a levá-la a cada ser humano na situação em que esteja.
No dizer de são Paulo, "a esperança, com efeito, é para nós qual âncora da vida, segura e firme" (Hb 6, 19). Jesus Cristo continua, com sua vida e ensinamentos, sendo a nossa fonte de inspiração. Veio para servir e dar a vida a todos. É nele que se fundamenta nossa esperança.
Pe. João Luiz Malnalcich, scj